quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Pacoti é pentacampeão no Selo Verde


Pacoti recebeu a certificação do Programa Selo Município Verde Edição 2010. Aldeni Marinho (foto) esteve na solenidade de entrega do certificado representando o Prefeito Rômulo Gomes que aconteceu em 22 de Dezembro na cidade de Fortaleza. Foram 33 municípios agraciados e Pacoti, por apresentar um ótimo Índice de Sustentabilidade Ambiental, ainda foi premiado com uma moto 0km pelo Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente – CONPAM, Órgão do Governo do Estado que coordena o Programa. O cuidado com a natureza passa pela coleta sistemática do lixo doméstico na sede e zona rural. E isto vem sendo feito em conformidade com o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Em todas nossas ações de meio ambiente, é levado em conta a educação ambiental. Nossos alunos da rede municipal de ensino são constantemente instigados a cuidar da natureza. São feitos projetos ambientais nas escolas municipais para conscientizar nossos alunos. São doadas à população, gratuitamente, mudas nativas e frutíferas para reflorestamento. Este tem sido um ponto forte na Administração Cidade Feliz porque cuidando da natureza estamos zelando pela vida e o bem estar de todos. Parabéns!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

CRÍTICA EPISTEMOLÓGICA DAS ORIGENS DO CRISTIANISMO

CRÍTICA EPISTEMOLÓGICA DAS ORIGENS DO CRISTIANISMO –

Agostinho e a Fundamentação Teórica da Teologia Cristã


















José Aldeni Marinho de Sousa
Licenciado Pleno em Ciências da Religião / UVA






















PACOTI – CEARÁ
2009
José Aldeni Marinho de Sousa















CRÍTICA EPISTEMOLÓGICA DAS ORIGENS DO CRISTIANISMO –
Agostinho e a Fundamentação Teórica da Teologia Cristã








Artigo redigido para instigar o pensamento daqueles que por ventura venham a lê-lo, a respeito da discussão filosófica e teológica das origens do Cristianismo e sua influência na formação de uma epistemologia na cultura ocidental.


Orientador: Prof.: Ms. Esp. Sadi









Pacoti – Ceará
2009































“A religião convenceu mesmo as pessoas de que existe um homem invisível – que mora no céu – que observa tudo o que você faz, a cada minuto de cada dia. E o homem invisível tem uma lista especial com dez coisas que ele não quer que você faça. E, se você fizer alguma dessas dez coisas, ele tem um lugar especial, cheio de fogo e fumaça, e de tortura e angústia, para onde vai mandá-lo, para que você sofra e queime e sufoque e grite e chore para todo o sempre, até os fins dos tempos... Mas Ele ama você!

George Carlin



SUMÁRIO





INRODUÇÃO................................................................................................................5

CAPÍTULO I – PAULO DE TARSO: O “APÓSTOLO DOS GENTIOS”.............6

1.1. Havia Duas Vertentes Principais Da Doutrina Cristã........................................7
1.2. Suas Viagens E Embates Teológicos.....................................................................7

CAPÍTULO II – A CONVERSÃO DE CONSTANTINO: OPORTUNISMO HISTÓRICO..................................................................................................................8

2.1. A Controversa Conversão.....................................................................................8
2.2. Igreja Constantiniana?..........................................................................................9

CAPÍTULO III – AGOSTINHO E A “FILOSOFIA CRISTÔ.............................10

3.1. A Patrística e Seus Períodos...............................................................................10
3.2. O Maior Teólogo Pós-Niceno..............................................................................11
3.3. A Linha Doutrinária do Cristianismo Paulino..................................................12

BIBLIOGRAFIA.........................................................................................................13




















INTRODUÇÃO

A influência do Cristianismo na cultura mundial é patente. Seus efeitos, para o bem ou para o mal, ganharam notoriedade nos mais variados campos da vida humana em diversos períodos da história ao longo desses dois milênios. Estudar sua história, seu arcabouço teológico, seus prógonos, seu contexto sócio-político, sua genealogia moral e seus primeiros entusiastas constitui tarefa árdua, porém imprescindível para compreendê-lo melhor. Esta empreitada intelectual está no cerne de discussões acirradas. Não obstante, vale o esforço. Tanto pela satisfação pessoal quanto pela possibilidade em aventar sugestões para questionamento a respeito desta doutrina milenar que arrebanha milhões de fiéis, seguidores e apologistas. Não o questionamento como fim em si mesmo, mas com fundamentação dentro dos princípios da racionalidade argumentativa.

Estando cônscio da abrangência teórica, da vastidão de meandros conceituais e do emaranhado histórico que envolve a presente investigação, permite-se, com justificada razoabilidade seu delineamento. Este pressupõe a abordagem clara, concisa e sem rodeios, no entanto, com o rigor que o tema exige. A isenção será buscada, mas não perseguida com fanatismo de pesquisador que não se permite emitir sua impressão pessoal, contanto que, não haja precipitação desnecessária.

A demonstração do esforço de Agostinho em sintetizar Filosofia Grega e Cristianismo será nosso escopo principal neste trabalho. A esta síntese, o próprio Bispo de Hipona denominou “filosofia cristã”. A sua afinidade com o platonismo será pontuada na medida que se fizer necessário para promover a compreensão do seu pensamento e sua contribuição para o arranjo teológico da doutrina cristã. O corpus agostiniano é demasiado complexo, portanto não será exaurido nesta abordagem. Todos hão de convir que, nem ao menos, seria conveniente.

Antes, porém de chegarmos em Agostinho, voltaremos um pouco na História até Paulo de Tarso. Sua atuação, viagens e cartas imprimiram uma interpretação pessoal da doutrina cristã primitiva o que possivelmente deturpou a mensagem original. São pontos polêmicos que colocam em posição de confronto teólogos e outros estudiosos. Todos estes antagonismos estabelecem uma busca dinâmica por fatos que lancem luzes sobre estas origens perdidas na obscuridade temporal. Mas há indícios comprometedores dessa historiografia oficial.

O Imperador Romano Constantino I fará parte destas elucubrações, uma vez que ele, tornou-se personagem crucial na trajetória de ascensão histórica do cristianismo mundo a fora. Nos deteremos, ainda que superficialmente, nas reais intenções de sua “conversão”, no Concílio de Nicéia por ele convocado e presidido, no Edito de Milão e todas as mudanças subseqüentes desses eventos.

Ademais, a Patrística e a batalha teológica dos apologistas e polemistas com as heresias gnósticas, filosóficas e legalistas, comporão esta empreitada intelectual em demonstrar os três marcos, na minha concepção, do Cristianismo. Sem as viagens e epistolas paulinas, sem a “conversão” de Constantino I ou sem o corpus teológico-filosófico agostiniano, o Cristianismo estaria fadado ao confinamento limítrofe e inexpressivo das outras seitas judaicas.
CAPÍTULO I

PAULO DE TARSO: O “APÓSTOLO DOS GENTIOS”

As origens do Cristianismo são nebulosas. Esta assertiva decorre de estudos sobre a própria natureza de sua “fundação”. Jesus* não legou aos seus seguidores um corpo doutrinal definido. Antes, transmitiu por meio de ditos, sermões e parábolas ensinamentos ainda imbuídos de judaísmo. É consenso entre estudiosos e fiéis que Ele não escrevera nenhuma linha. Este mister coube, mais tarde, aos evangelistas e a Paulo como veremos adiante. Apenas para constar, o Evangelho de Mateus foi escrito por volta do ano 80 d.C. cinqüenta anos após a morte de Jesus. Estes fatos aliados à multiplicidade de interpretações desses ensinos (havia cerca de doze modalidades de cristianismos**), à condição acéfala da Igreja primitiva recém “fundada”, dentre outros fatores como perseguição político-religiosa, contribuíram para uma falta de rumo. Muitos adeptos da nova seita estavam presos, exilados ou mortos a exemplo de Pedro que foi, segundo a tradição, apedrejado até a morte no ano 64 d.C., em Roma.

A sorte da igreja judaico-cristã estava prestes a passar por uma mudança a seu favor. Paulo de Tarso (6 d. C. – 67 d. C.), contava com aproximadamente vinte e oito anos quando converteu-se ao Cristianismo (Atos 9:1-6). Este evento, embora envolto em espessas nuvens, foi de crucial importância para a nova seita. Embora nascido em ambiente impregnado da religião mosaica, os judeus não a assimilavam de bom grado. Foi ai que nasceu a necessidade de encontrar guarida em ouvidos e corações pagãos. Esta tarefa coube a Paulo. E para atraí-los para sua causa, o novo apóstolo dedicou-se a escrever dezenas de epístolas. Ele não era qualquer um. Perseguira implacavelmente os hereges cristãos, prendia-os e martirizava-os. Com sua mudança radical ocorrida a caminho de Damasco, não apenas o Cristianismo, mas a própria História tomou rumo diferente:

“Seu trabalho de evangelização foi, em grande parte, responsável pelo caráter universal da doutrina cristã e sua mensagem, expressa em cartas enviadas às comunidades que fundava, ainda hoje é considerada o alicerce da jurisprudência, da moral e da filosofia modernas do Ocidente”. (Superinteressante apud VASCONCELOS, 2003, P. 58)

A influência paulina chega a ser vital para a nova religião. Ou não, conforme o ponto de vista. Para alguns Paulo foi um propagador da boa nova, um intrépido pregador, um mártir, um prógono a serviço de Deus. Para outras correntes, ele foi responsável por uma deturpação vergonhosa do Evangelho. Sua relação com o Império Romano, sua aparente misoginia aliada a sua defesa da escravidão são indícios de que Paulo não foi fiel à mensagem original de Jesus. Alguns “pensadores julgam ser mais correto dizer que o que existe hoje é um “paulinismo”, não um cristianismo”. (superinteressante, 2003, p. 58). Polêmicas à parte, o fato é que Paulo iniciou a formulação da doutrina cristã.

Usarei o nome Jesus por se tratar de seu nome civil e sua condição humana ao invés de Cristo que é relacionado com sua pretensa descendência divina. Mas utilizarei o termo Cristianismo por se referir a sua imanência na História.
** Tratei deste assunto em minha monografia intitulada: Aspectos Apócrifos do Cristianismo: Das Origens aos Manuscritos de Qumran.




1.1. HAVIA DUAS VERTENTES PRINCIPAIS DA DOUTRINA CRISTÃ

Paulo era um homem cosmopolita. Era judeu de nascimento teve o privilégio de ser educado na Escola de Gamaliel, cidadão romano e respirava o ambiente da cultura grega. Portanto, ele tinha conhecimento da religião judaica, da filosofia grega e das leis romanas. Naturalmente, estas eram qualidades desejáveis a um homem determinado a difundir pelo mundo a nova doutrina. Mas ele não era unanimidade já naqueles tempos. Havia duas vertentes principais que disputavam espaço e seguidores. Uma provinha dos apóstolos e a outra das interpretações paulinas. A primeira, segundo alguns autores é mais fiel à mensagem original dos evangelhos. Mas com a adoção do Cristianismo pelo Império Romano como religião oficial (vide Cap. II), a teologia paulina saiu vencedora.

Como em tudo na vida, nas batalhas, nas guerras ideológicas, nos embates intelectuais, o vencedor impõe seu pensamento como norma, suas regras, enfim seu modus vivendi. Foi assim que a teologia paulina tornou-se a linha oficial dentro das igrejas cristãs. Dos vinte e oito livros que formam o Novo Testamento, quase cinqüenta por cento deles é constituído pelas cartas de Paulo, são treze no total. Isto por si já explica a sua esmagadora capacidade de cooptação. Ele era exímio em sua persuasão dos não-cristãos à nova fé.


O contexto vivido por Paulo é muito conturbado politicamente. No campo religioso os intelectuais eram afeitos aos sistemas filosóficos como Estoicismo, e o Neo-pitagorismo que viam na contemplação, na racionalização da natureza a salvação do homem. O Apóstolo, evidentemente, não aceitava estas concepções. Ele chegou a afirmar que esses conhecimentos, incluindo os seus, “eram esterco” (Fp 3:8). Parte daí toda sua luta travada com o racionalismo grego e todas as formas de gnosticismo dentro de suas comunidades.

1.2. SUAS VIAGENS E EMBATES TEOLÓGICOS

O universo multicultural vivido por Paulo foi enriquecido com suas viagens apostólicas feitas pelo mundo greco-romano. Entre as mais importantes cidades visitadas estão Jerusalém, onde participara do Concílio Apostólico em 49 d.C.; Tessalônica na Macedônia onde fundou uma importante igreja; Roma onde foi preso e decapitado no ano 67 d.C. esteve ainda em Chipre, Cesaréia, Antioquia da Síria, Éfeso Filipos, Atenas, Corinto e Espanha dentre outras.

O Concílio Apostólico de Jerusalém foi o primeiro embate onde divergências teológicas entre Paulo e o grupo de judeus-cristãos liderados por Tiago Menor (bispo da igreja em Jerusalém) e Pedro. Paulo de Tarso, como se sabe, saiu vitorioso. Como ele não conheceu Jesus pessoalmente, conseguiu astutamente convencer a todos que também era Apóstolo uma vez que teve um encontro especial a caminho de Damasco. Ora, muitos gentios não compreendiam onde estava a necessidade de seguir rituais judeus para tornar-se cristão. Um exemplo era o batismo. Este era defendido pelo Apóstolo dos Gentios, como condição sine qua non para atingir a salvação. A circuncisão de pagãos também foi discutida e Paulo posicionou-se contra.

Diante do exposto, observa-se que Paulo elaborou com competência a doutrina cristã, angariou mais seguidores e deu à nova religião status mundial, agora revestida pela cultura greco-romana, mais respeitável e reconhecida. Talvez seja por esse motivo que muitos estudiosos consideram Paulo de Tarso o verdadeiro pai do Cristianismo.

Passemos agora ao segundo evento sumamente importante para a sobrevivência do cristianismo: a “conversão” de Constantino I.

CAPÍTULO II

A CONVERSÃO DE CONSTANTINO: OPORTUNISMO HISTÓRICO

O período que antecedeu o Império de Constantino (306 a 337), foi bastante turbulento. Isto ocorreu após o Reinado dos Antoninos quando Roma experimentou tempos de paz, progresso e outras vantagens de uma administração sem percalços. No terceiro século houve mudanças desastrosas. Tanto no âmbito político como no econômico. Roma passou a ser controlada por militares e tornava-se imperador quem tivesse mais dinheiro. Foi assim quando Cômodo morreu sem deixar herdeiros. O império tornou-se vulnerável ao ataque de vândalos invasores. Diocleciano conseguiu um intervalo de calmaria quando criou a Tetrarquia, i. é., dividiu o poder entre quatro generais. Esta estratégia funcionou por um certo tempo. Os vândalos foram afugentados e o custo de vida passou a ser menos cruel. Diocleciano, porém, não se importava com a tolerância religiosa. Ao contrário inaugurou a “era dos mártires” com a perseguição aos cristãos.

A Tetrarquia não possibilitou a unificação do império. Antes, foi causa de lutas violentas internas pelo poder. Foi neste cenário que surgiu Constantino. Em 306 ele proclamou-se Imperador de Roma e buscou unificá-la. Esta era sua prioridade máxima. E, para consegui-la, tinha plena consciência de que seria uma áspera missão.

Flávio Valério Aurélio Constantino – Constantino I (c. 270 – 337) nasceu em Naísso (Nis) era filho de Constâncio I, o Cloro (Chlorus – o pálido, um dos tetrarcas, com sua concubina Júlia Helena, cuja origem os historiadores não chegam a um consenso, mas sabe-se que ela era uma cristã livre. Passou sua juventude na Corte de Diocleciano. Ele teve uma boa educação. Também ótimos contatos políticos. Sua proclamação como novo imperador deu-se após a morte de seu pai. Suas legiões o apoiaram. Em Roma seu título não foi reconhecido, mas após alianças importantes ele conseguiu derrotar outros pretendentes ao trono. Sua habilidade política ainda precisava de um trunfo. Com o Edito de Milão em 313 concedeu liberdade de culto e de direitos aos cristãos e lhes devolveu os bens anteriormente expropriados. A igreja é claro, o apoiou. Dois anos mais tarde Constantino, o Grande tornou-se imperador único do Império Romano.

2.1. A CONTROVERSA CONVERSÃO

Com o Edito de Milão a liberdade de consciência e de crença sobreviveu por um bom tempo inaugurando um avanço na tolerância. A conversão de Constantino (o primeiro imperador romano a aderir a esta crença) ao cristianismo é envolta em fábulas. Conta-se que, em 313, ele estava em uma batalha em que os seus inimigos estavam em vantagem. Foi quando o Imperador teve uma visão de uma cruz no céu na qual podia sr lido em latim: “in hoc signo vinces” (“com este sinal, vencerás”). Tomando esta visão como algo auspicioso, enfrentou a batalha e venceu-os na ponte de Mílvia sobre o rio Tibre. Este evento tornou-se popular e espalhando-se pelas províncias mais distantes. Criação de uma mente exacerbada pela esperteza e com bom grau de superstição, Constantino conseguiu a simpatia da Igreja. Seu poder conferiu sucesso político ao cristianismo. Mesmo mantendo sua posição de Pontifex Maximus, sacerdote pleno da religião pagã do Estado***, e prevendo a manutenção do poder, ele passou a comandar também a igreja cristã. Diz a lenda que apenas pouco antes de sua morte, Constantino aceitou o batismo da ritualística necessária a salvação de um cristão. Em vida criou a estrutura hierárquica de arcebispos e bispos. Isto, obviamente para aumentar seu poderio já que a nomeação daqueles era feita pela sua pena. Aconteceu uma inversão na ordem religiosa das coisas. A Cristianismo tornou-se religião oficial do império em 380 e a única permitida a partir de 392. Agora como observa Michel Onfray em seu Tratado de Ateologia “de perseguidos e minoritários, os cristãos passaram a perseguidores majoritários”:

“O décimo terceiro apóstolo, como Constantino se proclama por ocasião de um Concílio, constitui um Império totalitário que edita leis violentes dirigidas aos não-cristãos e pratica uma política sistemática de erradicação da diferença cultural. Fogueiras e autos-de-fé, perseguições físicas, confiscos de bens, exílios obrigatórios e forçados, assassínios e vias de fato, destruições de edificações pagãs, profanações de lugares e objetos de culto, queimas de bibliotecas, reciclagem de edifícios religiosos antigos para construção de novos monumentos ou para aterragem das estradas, etc.”(2007, p. 47)

2.2. IGREJA CONSTANTINIANA?

Sua influência é marcante a ponto de alguns afirmarem a existência de uma Igreja Constantiniana. Ora vejamos, sua marca pode ser notada ainda nos dias atuais. A hierarquia da Igreja, o cristograma que combina as duas primeiras letras gregas do nome Cristo, o credo niceno, dentre outras deliberações do Concílio de Nicéia (325) quando arbitrou a controvérsia do arianismo a cerca da consubstanciação de Jesus com Deus (homoousios). Estes seus feitos perduraram em seus trinta anos de reinado. No referido Concílio, o ‘décimo terceiro apóstolo’ foi o presidente de honra. Fora ele que convocou o Sínodo. O cesaropapismo constantiniano era forte e evidente. Talvez tenha sido este o motivo do Papa Silvestre I não ter comparecido. Há quem afirme que foi uma forma de protesto. Não obstante a tentativa de teólogos em negar com veemência a manipulação do I Concílio de Nicéia pelo imperador cristão Constantino, afirmando que este não tinha conhecimento teológico, mas há evidências históricas, inclusive pelo pai da história da Igreja Eusébio de Cesaréia na sua obra “Vita Constantini”.

O oportunismo histórico do imperador foi uma pilastra política para a decadente Roma. Conseguira, finalmente a unificação do vasto império. O cristianismo, agora com robustez e ares de universal, prosperava. Seu proselitismo arregimentava mais fiéis e engordava seus cofres. Seu florescimento irradiava na cultura e na vida das pessoas. Ainda tinha que romper outros obstáculos por séculos a frente. Entretanto, tinha o combustível necessário para prosseguir: poder político-financeiro e as massas para manobrar.

A união entre o Estado forneceu oxigênio para a religião que pretendia ser universal. Os favores eclesiásticos eram permanentes. Os bispos, nomeados pelo imperador, eram subservientes ao poder. Aquela idéia de um homem rude e simples filho de carpinteiro já não era priorizada.


*** O mitraismo no qual cultuava o deus Sol invictus.

Se Paulo de Tarso fora um deturpador da doutrina original, Constantino, o Grande era um usurpador habilidoso das condições históricas dos cristãos. O primeiro interpretou e deu nova roupagem ideológica enquanto o segundo forneceu a armadura dos dominadores. A igreja ainda era primitiva, mas já pouco cristã.

Houve a interpretação doutrinária dos evangelhos por Paulo para transmiti-lo aos não-judeus, depois a estruturação hierárquica com proteção e projeção política por Constantino. Faltava a inteligibilidade e status filosófico do cristianismo. Esta tarefa coube a Agostinho, Bispo de Hipona.

CAPÍTULO III

AGOSTINHO E A “FILOSOFIA CRISTÔ

O Cristianismo primitivo passou por adversidades históricas, tormentas ideológicas e abalos filosóficos. Seus primeiros adeptos foram perseguidos, presos, torturados, exilados e condenados a mortes dolorosas. Sua doutrina original passou por deturpações de oportunistas, ataques de heresias recorrentes. Seus seguidores sentiram o gosto amargo da intolerância e da ausência de liberdade de fé e o pensamento livre era reprimido. Este cenário de sofrimento, angústia, insegurança e incerteza em relação ao futuro passou por reviravoltas repletas de esperança e regozijo para aqueles homens e mulheres que viviam sob a névoa do misticismo fabuloso daquela religião pretensamente revelada. Uma verdade em um mundo cruel e insano onde a fome, a morte, a dor, a separação forçada, a falta de horizonte, o perigo e outras mazelas faziam parte da vida da maioria das pessoas espoliadas em seus direitos fundamentais.

É fato comprovado histórica e documentalmente a relevância da teologia paulina e das imposições de Constantino em questões cristológicas na afirmação do Cristianismo dos primeiros séculos. Esta religião, autoproclamada verdade revelada por Deus aos homens, passara por profundas transformações desde seu início. No entanto, em um mundo onde a cultura helênica predominava, esta fé carecia de fundamentação filosófica. O Cristianismo era um conjunto de normas morais, prescrições de conduta diante do mundo cheio de defeitos e desencantos. Portanto, não era “uma filosofia, mas uma mensagem de salvação, tendo sido reconhecido como tal desde o começo”.(Mondin, 1982, p. 135). Os primeiros bispos e teólogos tinham a preocupação em distinguir com suas polêmicas a fé que salvava o homem do pecado do pensamento racionalista grego. Os apologistas tratavam em atacar heresias colocando o evangelho em lugar especial. Estes primeiros teóricos ou Pais da Igreja queriam, antes de tudo, a subordinação da filosofia à teologia.
Esta defesa dos filósofos pagãos e das heresias pelos teólogos ficou conhecida como Patrística (filosofia cristã dos primeiros séculos cujo legado teve seu corolário no Escolasticismo).

3.1. A PATRÍSTICA E SEUS PERÍODOS

A Patrística é dividida didaticamente em três períodos para efeito de compreensão adequada:
· Até o ano 200 dedicou-se à defesa do Cristianismo contra seus adversários. Eram os padres apologistas como Justiniano Mártir (c. 100-165), Taciano (séc. II), Tertuliano (c. 160-230), dentre outros;
· Até o ano 450 é o período em que surgem os primeiros grandes sistemas de filosofia cristã, tendo como expoentes Ambrósio (c. 340-397), Santo Agostinho, Clemente alexandrino, etc.;
· Até o século VII são reelaboradas as doutrinas já formuladas e de cunho original, nesse período destaca-se Severino Boécio (480-524).


Para reforçar minha demonstração da importância de Constantino e o concílio niceno, citarei a divisão da literatura patrística nos seus períodos de forma mais didática ainda e aceita por estudiosos, a saber:

Período Ante-Niceno correspondente ao período que antecedeu o Concílio de Nicéia. Normalmente compreende os escritos surgidos entre o século I e início do IV;
Período Niceno corresponde ao período entre os anos anteriores até alguns meses posteriores ao Concílio Niceno. Compreende os escritos surgidos entre o início do século IV até o final deste;
O período Pós-Niceno é compreendido entre os séculos V e VIII.

Destes primeiros teorizadores do Cristianismo, Santo Agostinho (c. 340-430) é, sem dúvida, o teólogo e filósofo de maior destaque. Sua produção foi intensa e extensa. São mais de 100 livros, 500 sermões e 200 cartas. Sua sistematização das relações entre fé e razão perdurou intacta por sete séculos até expoentes do escolasticismo como Tomás de Aquino pensarem novos parâmetros filosóficos para a fé cristã. Mas por enquanto fiquemos com o Bispo de Hipona.

3.2. O MAIOR TEÓLOGO PÓS-NICENO

Os já citados teólogos, bem como Jerônimo (c. 340-420) com seus comentários e traduções como a Septuaginta que se tornaram referências, dentre outros, tiveram papel importante nas suas contribuições ao pensamento cristão. Mas, de modo algum, nenhum deles chegou próximo a Agostinho. Agostinho nasceu em Tagaste, Numídia, na África no ano 354. Sua vida pode ser dividida em antes e depois de sua conversão. Antes, ele estava preocupado com a retórica e com a filosofia. Depois dedicou a vida às Escrituras e ao trabalho teológico.

Convertido, debruçou-se sobre o conhecimento. Neste mister, sua epistemologia enfrentou dois problemas: se conhecemos a verdade e como a conhecemos. Elaborou ainda uma metafísica voltada para a explicação da linguagem e uma teodicéia. No entanto, a sua teologia da história exposta em De Civitate Dei (A Cidade de Deus) é uma obra memorável. Em vinte e dois livros ele demonstra, nos primeiros dez, a falsidade das religiões pagãs, e, nos últimos, provam a verdade revelada do Cristianismo.

Não é escopo deste pequeno trabalho fazer uma interpretação filosófico-teológica da vida e obra do Bispo Africano, ou fazer extensas considerações sobre sua passagem pelo zoroastrismo e sua ética maniqueísta ou ainda, explorar suas influências do platonismo. Isto porque muitos já o fizeram magistralmente e com maior acuidade. Agostinho é denso, complexo. Exige de quem o lê vasto conhecimento. Por esta razão quero ratificar que foi este autor cristão o maior dos Doutores da Igreja e sem sua contribuição o Cristianismo não teria adquirido respeitabilidade mesmo sendo religião oficial do império romano, pois este estava em vertiginosa decadência moral e cultural.

3.3. A LINHA DOUTRINÁRIA DO CRISTIANISMO PAULINO

Numa análise bem criteriosa vemos a linha doutrinária que liga a teologia paulina ao Concílio Ecumênico de Nicéia até Agostinho. Aproximando a lupa, chegamos a Lutero (1483-1546). Paradoxalmente existe um paralelo de Paulo ao luteranismo passando pelo credo niceno e Agostinho. É a ortodoxia da doutrina vencedora. Os apócrifos, as heresias, o contraditório foram banidos em nome da unificação. Da uniformização do modo de crer, de agir, escrever, pensar, fazer política, lidar com o corpo, com o trabalho, com o dinheiro, com a mulher e com o mundo real.

Ainda existiram dezenas de concílios com seus respectivos cânones, deliberações. O Santo Ofício foi estabelecido para fazer cumprir a ordem papal. Porém este três eventos e personagens que citei foram basilares para o Cristianismo. Posso afirmar que Jesus emprestou o nome, sua fama e algumas parábolas, mas foram Paulo, Constantino e Agostinho quem de fato edificaram de modo a garantir sua sobrevivência transgeracional.

O Bispo de Tagaste foi sem dúvida o pai do eclesiastismo romano. Sua conversão ao cristianismo e sua potente apologética salvaram a Igreja de cair no ridículo de uma fé sem fundamentação teórica, sem uma lógica, sem um corpus doutrinal como referência. Sem a roupagem racional da filosofia helênica a teologia avançaria para o abismo das crenças e fábulas, do reino soerguido de vento.

É compreensivelmente válido que o cristão zeloso pela ortodoxia se oponha a meus argumentos qualificando-os de heresias ao diminuir o papel de Jesus na construção de sua própria Igreja. Ou que não dispenso o devido valor catártico e libertador do querigma. No entanto, não há como negar que a apologética de Paulo, as decisões conciliares de Constantino e o sistema filosófico-teológico de Agostinho foram basilares para a sustentação na história e no tempo. Isso implica que o querigma, a tradição, a teologia, os dogmas, o cânon, os ritos, a homilética, os credos, etc, foram resultado do esforço conjunto durante séculos de diversos atores (uns com proeminência outros mais tímidos) para tornar o Cristianismo inteligível e duradouro. Descarta-se então a verdade revelada. Este é o ponto crucial que o bom senso exige a lógica traz à luz e a História testemunha.






BIBLIOGRAFIA



BÍBLIA, Português. A Bíblia Sagrada. Versão João Ferreira de Almeida. Imprensa Bíblica Brasileira. São Paulo: Vida, 1998.
CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos: Uma História da Igreja Cristã. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1995.
MONDIN, Battista.(trad. Bêroni Lemos) Curso de Filosofia: Os Filósofos do Ocidente. Vol. 1. São Paulo: Ed. Paulus, 1981.
AGOSTINHO, Santo. (trad. J. Oliveira, S.J. – A. Ambrósio de Pina, S.J.) Confissões [Santo Agostinho: Vida e Obra]. Col. Pensadores. São Paulo: Ed. Nova Cultural, 2000.
DAWKINS, Richard. (trad. Fernanda Ravagnani) Deus, um Delírio. São Paulo: Ed. Companhia das Letras, 2008.
ONFRAY, Michel. (trad. Mônica Stahel). Tratado de Ateologia: Física da Metafísica. São Paulo: VMF Martins Fontes, 2007.
NIETZSCHE, Friedrich. (trad. Pietro Nassetti). Anticristo. [col. Obra Prima de Cada Autor] São Paulo: Ed. Matin Claret, 2002.
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VASCONCELOS, Yuri. O Homem Que Inventou Cristo. Revista Superinteressante. São Paulo, Abril, edição 195, pp. 56-64, dezembro/2003.
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MORADO, Guillermo Juan. Apostolado Veritatis Spelndor: CONSTANTINO MANIPULOU O CONCÍLIO DE NICÉIA?. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/5970. desde 03/11/2009.
PAPA, Bento XVI. Apostolado Veritatis Splendor: EUSÉBIO DE CESARÉIA. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/5oo7. Desde 04/06/2008.








quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Ignorância Desejada

Há muito tempo tenho debruçado-me sobre a questão da "ignorância desejada". Muitas pessoas simplesmente aceitam certas "verdades" sem nenhum questionamento. Esta postura, sem dúvida, acarreta bastante prejuízo para as pessoas. Por preguiça para pensar ou medo de desvelar os "mistérios" do mundo, muitos apenas ficam numa espécie de letargia patológica. Ora, não existem mistérios insolúveis. O que nos limita é falta de informação. é hora de acordarmos para o mundo e ver que ele é regido por leis físicas e ponto. Venho acompanhando o noticiário nos meios de comunicação acerca das falcatruas do líder da IURD - Igreja Universal do Reino de Deus, o Bispo Edir Macedo. Evidentemente, ele é um crápula por se aproveitar da ingenuidade de pessoas sofridas, amarguradas, beirando o desespero por problemas diversos: de crises existenciais a contas da bodega. Porém, há um ponto a se discutir: a credulidade infantil das pessoas. O que falta é gente pensante, corajosa e ousada para racionalizar as situações, esmiuçar com o ceticismo, por em dúvida, enfim fazer perguntas. A famigerada Teologia da Prosperidade é uma armadilha para os incautos. Perguntemos: de onde veio esta concepção de receber benções divinas mediante pagamento de dízimo? Diz a lenda que Abrãao foi para uma batalha da qual saiu vitorioso e com os espólios de guerra (escravos, mulheres, ouro, animais de carga, gado, etc.). Ao retornar foi pagar a décima parte ao sacerdote Melquisedeque. Ora vejam, o dízimo surgiu da espoliação, do roubo, do saque impiedoso e tudo sob as bençãos de jeová. É preciso perguntar o porque das coisas e não simplesmente aceitar. Porque o deus bíblico é tão cruel, precisa tanto de sangue. Quem escreveu o livro "sagrado" e com qual interesse. Se a fé é uma das virtudes teologais, façamos da dúvida uma virtude racional, da mente clean, livre das impurezas e mentiras da religião. Como disse certo autor do qual não recordo o nome: "o ceticismo é a castidade do intelecto". é hora de querer o entendimento, o conhecimento com bases científicas e rejeitar por completo a 'ignorancia desejada" sob a égide da coragem de enfrentar o mundo como ele é na verdade: material, natural e livre de interferencias sobrenaturais.
Aldeni Marinho

terça-feira, 17 de março de 2009

Marketing Ateu

O marketing ateu
Campanha publicitária tenta provar que Deus não existe

A inglesa Ariane Sherine, 28, estava indopara o trabalho quando viu uma propaganda colada num ônibus de Londres. Era uma citação da Bíblia, acompanhada por um endereço na internet. Ao acessar o site, ela tomou um susto: a página, que pertencia a uma igreja evangélica, dizia que quem não for cristão e não aceitar Jesus será condenado a passar a eternidade nas chamas do inferno. “Peraí. Então quer dizer que 68% da população mundial vai para o inferno? Eu não pude acreditar que esse tipo de ideia estava sendo difundida, empleno século 21, para assustar as pessoas”, diz Ariane. Indignada, ela procurou o governoinglês para reclamar da propaganda, mas não adiantou nada. Hora de agir. Com a ajuda dos internautas, ela arrecadou dinheiro para montar uma megacampanha publicitária defendendo o ateísmo e desenvolveu slogans como “Deus provavelmente não existe. Pare de se preocupar e aproveite a vida”, que foram colocados em 800 ônibus de Londres. Como seria de se esperar, a campanha foi criticada por religiosos, e o blog de Ariane (arianesherine.blogspot.com) recebeu centenas de comentários desaforados. Houve até um motorista que se recusou a dirigir o que chamou de “ônibus pagão”. Mas ela continuou com tudo: recebeu o apoio de Richard Dawkins, um dos maiores cientistas do mundo e ateu praticante, e recolheu R$ 500 mil para colocar 1 000 cartazes no metrô de Londres. E a ideia se espalhou pelo mundo: ateus de EUA, França, Itália, Espanha e Austrália resolveram fazer suas própriascampanhas contra Deus e a religião (veja acima os principais slogans). Ariane, que é jornalista da BBC, diz que seu objetivo não é atacar as religiões, pois a campanha é só uma maneira bem-humorada de tranquilizar os ateus. “Espero que as mensagens alegrem as pessoas quando elas estiverem indo para o trabalho.”
(Revista Superinteressante - Março de 2009 - nº 263 - Ed. Abril)
Comentário no fórum da Super
As religiões, principalmente as monoteistas, estão cada vez mais arrogantes. Se julgam donas da verdade, doutrinam as crianças desde tenra idade a viverem sob o medo, assim dominam-nas até a vida adulta. Conspurcam suas mentes com lendas, superstições e mentiras a respeito de quiliasmo, de um geena aniquilador. Estamos no século XXI, precisamos nos despir destas tolices e viver a vida sem ressentimentos nietzscheanos. A vida é natural. Parabéns para Ariane pela sua coragem. É premente que nos unamos em prol da racionalidade e pela vida plena, sem as mortificações, medos e neuras religiosas.

Aldeni Marinho
Cientista da Religião (UVA -CE)

Pacoti - Ceará

segunda-feira, 2 de março de 2009

Nós Ocidentais e o Estranho Mundo Hindu

O Ocidente vem, ao longo de séculos desenvolvendo um modo de vida diametralmente oposto aos costumes orientais. Desde a antiguidade greco-romana com a incessante busca de filósofos como Tales de Mileto, Demócrito ou anaxágoras por respostas objetivas sobre nossa origem: do micro-cosmo ao universo em expansão. Toda empreitada realizada sob a égide do racionalismo. Com o advento do Renascimento após longo período medieval, retomamos o ideal antrocêntrico humanista em que "o homem era a medida de todas as coisas". Aconteceram revoluções culturais, sócio-econômicas através da revolução industrial. Francis Bacon inaugurou o Método Científico. A ideia de progrsso - embora viesse causar tanta exploração dos recursos naturais quase à exautão - entrava no mundo para ficar e produzir mais conhecimentos. O Oriente, em especial a India, parace ter estagnado no tempo. Pelos menos é o que parece quando lemos reportagens sobre aquele exótico País. O sistema de castas é sobremaneira ridículo para os dias atuais. Opressor, vergonhoso, um atentado à dignidade humana. O Governo da India está tentando mudar esta realidade. A economia hoje está entre os emergentes e tende a crescer. Algumas leis foram criadas para inibir o preconceito imposto pelas castas ditas "superiores" e os dalit's ou intocáveis. A ordem consuetudinária é muito forte. Está arraigada na cultura e imbricada na alma de milhões de indianos pobres analfabetos e sem teto para repousar. É, de fato, isto nos assombra. Não que aqui deste lado do globo nós não tenhamos injustiças sociais, crianças desnutridas, violência, pessoas sem opurtunidades de ter uma vida digna. Mas a miséria institucionalizada como acontece naquele País é algo estarrecedor. Ontem (01/03/09), assisti a uma reportagem especial no SBT sobre a India e seus costumes religiosos de causar espanto. Milhões de pessoas acotovelavam-se para fazer oferendas ao deus Ganesh - uma das milhares de divindades que fazem parte do panteão hinduista. Era horripilante aqueles milhares de representações do deus elefante sendo lançadas ao mar, uma agressão ao meio ambiente. Mas, como eu dizia no inicio, são coisas que nós não conseguimos compreender. São aburdos inaceitáveis para nós. A influência da religião se faz notar em todas as nuances da vida dos indianos. O velho Karl Marx tem razão quando diz que "a religião é o ópio do povo". Aquelas imagens do SBT não o deixam mentir. Voltaremos ao assunto de opressão religiosa em breve.